Mais um dia de Simpósio, e que dia! Fazemos tantas coisas que parece que estamos há uma eternidade aqui em Lisboa a desenhar. Comentei com o Eduardo Salavisa que gostaria de ter a capacidade de me multiplicar para poder estar em todos os workshops ao mesmo tempo. Ou passar mais tempo em Lisboa para me dedicar às suas paisagens. Talvez trezentos anos me bastariam, mas vejam, só talvez. Tenho visto tantos artistas bons, professores e alunos, de diferentes estilos e direções que só isso já seria um grande aprendizado, mas temos algo há mais aqui. Os professores andam lado a lado com os alunos, falando sobre desenho e sobre outras coisas diversas, essa integração é que eu acho fantástico. Somos todos desenhistas e estamos compartilhando nosso gosto comum que é: desenhar diretamente o que observamos e com isso contar histórias dos lugares onde vivemos e viajamos. É isto, e outra coisa mais:
“Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar”.
John Ruskin, intelectual inglês do século XIX
Estamos todos aprendendo constantemente. O resultado final importa menos ao meu ver do que a reunião de pessoas compartilhando experiências, isso não tem preço.
Portanto, até amanhã os lisboetas ainda vão se deparar com centenas de desenhistas sedentos espalhados pela cidade desenhando tudo o que aparecer na frente. Eles estão em toda parte, para onde você olhar tem alguém rabiscando. Cuidado, ao virar uma esquina em Lisboa você pode se deparar com um bando de desenhistas malvados, armados com seus lápis e pinceis prontos para ataca-lo e quando você menos esparar já vai estar estampado em um sketchbook para toda a eternidade. Brincadeiras à parte, amanhã, 23 de Julho, teremos um SketchCrawl no terreiro do Paço a partir das 16.30h aberto a qualquer desenhista que queira juntar-se a nós. Venham todos, será um belo encontro!
Pela manhã tivemos inúmeros workshops: Captar movimento, Contrastes, Etnografia Urbana, Assunto Inacabado, Explorar o Chiado, Delinear sobre a Cor, Retratos Urbanos, Desenhos Misturados e Perspectiva de Lisboa. Todos excelentes, mas como disse no início, infelizmente sou humano e não pude estar em todos esses eventos, mas quem esteve em cada um deles garante estar satisfeito.
Depois do almoço assistimos duas palestrar, a primeira foi “Desenhando no local: Ensino e aprendizagem” por Matthw Bhrem. Essa palestra tratou de abranger técnicas para ensinar e aprender a prática do desenho no local.
Na sequência, James Richards apresentou a palestra “The Freehand Renaissance” onde discorreu sobre como nos dias de hoje, onde a digitalização da comunicação predomina em praticamente todos os meios, o desenho ressurgiu com força, graças há uma busca pela autenticidade do desenho manual. Duas ótimas palestras que juntamente aos workshops práticos formam um todo coerente munindo os alunos em primeiro lugar do auxílio prático e posteriiormente racionalizando nosso trabalho, refletindo sobre nossos objetivos e nossas origens.
Na segunda parte me juntei ao grupo do Marc Taro Holmes e do Filipe Leal de Faria. A atividade se chama “ Paisagens Urbanas – Ver para desenhar” e foi realizada no Largo de São Paulo. O objetivo principal: Explorar a visão pessoal de cada artista e sua capacidade de desenvolver esse olhar constantemente. Marc taro pintou uma aquarela como demonstração enquanto fomos para vários cantos desenhar qualque coisa que víssemos na frente. Grande tarefa.
No final ficamos todos bobos olhando os desenhos do deus Gerard Michel e seus jogos de perspectivas. Sem palavras.
Este post é dedicado à memória de Lucien Freud.
Um comentário:
Nossa, João, muito bom acompanhar tudo isso de longe, imagina aí! Experiência do caramba essa, né? Muito bom! Sobre Lucien Freud, longa vida à obra desse grande mestre! Beijos!
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