13 de mai. de 2011

Dylan e Kerouac




Uma vez, Bob Dylan foi visitar o túmulo de Jack Kerouac em Lowel, juntamente com o profeta-poeta-beat-revolucionário, Allen Ginsberg. Cantaram a prosódia bop de Dylan, celebraram a lenda de Kerouac e agradeceram ao anjo-beat-Jack que tombou antes deles, "viajou fora do combinado", como diria outro grande – Rolando Boldrim, mas é eterno.

Jack é e sempre será eterno, pelo menos enquanto houver um único ser que se levanta e olha para a vida de cabeça erguida e não se conforma e quer ser feliz e quer ser livre e quer cantar e se esbaldar e amar e viajar e ouvir música e caminhar a noite toda conversando e curtindo e transando as pessoas... e enquanto existirem pessoas que, como nas palavras do próprio Kerouac: "... estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam ou dizem chavões, mas queimam, queimam, queimam...", seu espírito estará vivo.

Dylan sacou o que seus predecessores beats quiseram dizer e não se dobrou, não aceitou os rótulos que tentaram impor a ele, NUNCA. Não se dizia poeta, nem cantor folk, nem roqueiro, cagou pra tudo e seguiu a estrada, pé na estrada, amigo, não temos tempo a perder, a viagem continua, parecia nos dizer nas entrelinhas.

A vida foi uma longa viagem para Jack e para Allen e para Neal e para Burroughs e ainda é uma grande viagem para Bob Dylan. Enquanto houver mochileiros e cabeças sonhadoras e amor e criatividade e vontade, eles estarão conosco, vivos, no ar como arte acessível e combustível necessários; e sempre nascerão novos Dylans para cantar e trazer sentido e espalhar beleza.

Dylan está aí, diferente, mutante – sempre, agora pinta, escreve sem parar, viaja e sua música ainda encanta, sua simplicidade assombra e seu alcance parece não ter fim. E nós podemos viajar também, na estrada real e na estrada do imaginário, na música, na pintura, nas coisas simples e por isso mesmo eternas... e assim continuaremos sendo humanos e livres.



2 comentários:

rodrigo disse...

É essa busca de uma verdade maior, pra si mesmo, com todos os ônus que carregam, o mérito de um reconhecimento, e de uma forma de arte que se completa, e que alcança toda forma de criação....como trazer isso pros dias de hj?...Ae é que está todo mistério...Eles foram uma linha de frente na arte,...e Dylan foi um dos poucos que ficaram,....acho que pra nos lembrar...ainda nos fazer sentir...
quem sabe isso não nos alcance novamente um dia...Abs!

Fabiano disse...

Genial, este "post" veio a calhar justamente quando estou lendo pela 2 vez "ON THE ROAD", e também meu último trabalho com miniaturas foi inspirado diretamente com a rota 66, fiquei imaginando um lugarejo qualquer em que Kerouac poderia ter parado para comer uma deliciosa "torta de maçã com sorvete de creme", ou tomar uma gelada, não sei João se você ja visitou meu blog alguma vez, de qualquer forma da uma espiada lá para ver as miniaturas, grande abraço.

http://www.maqueteartistica.blogspot.com/