25 de out. de 2016

Vagulino

Era preciso dizer. Como não conseguia expressar em palavras aquilo que trazia na minha caixa, comecei a desenhar. De tudo que rabiscava, os tijolos e postes cinzentos pareciam ser a expressão mais profunda dos meus sentimentos... e de minhas desgraças também. As vezes fico perdido dias em um labirinto de casas e muros, de ruas estreitas, vielas, botecos, lages, feijoadas na casa de amigos, partidas "honestas" (é necessário diferenciar a paixão pelo esporte em detrimento do simples desejo pelo vil metal) de futebol no campo do torto, ruas de terra, crianças barulhentas preenchendo tudo com suas alegrias... caminhos tortos e cinzas, assim que é, apenas uma estrada dentre tantas outras. Estrada de quem não quer bancar heroísmos e façanhas extraordinárias. Tudo ordinário mesmo, mas cada um pode ter, ou ser, seu próprio poema épico - talvez um poema silencioso, mas nem por isso menos importante... uma homenagem às casas sem reboco. Tudo simples, melancólico - não triste. Filosófico e vagabundo... como pombas emporcalhando o quintal. + desenhos aqui: http://vagulino.tumblr.com/

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