11 de nov. de 2011


Existe algo além do fim da estrada e do muro de tijolos vermelhos enegrecidos e além do abismo no céu escuro, algo incompreensível, distante... Numa madrugada de garrafas e dentes e música rolando a noite inteira, senti que quase podia agarrar essa verdade indecifrável, mas foi só por um milésimo de sonho que tive essa certeza, esse algo a mais que todos buscamos... Nem sei se todos buscam, na real, será? E eu estive tão perto, juro, estava pendurada atrás da minha orelha, debaixo da sola do meu sapato, escondido atrás da minha sombra iluminada pela luz de um poste de mercúrio naquela noite fantasmagórica... ainda assim não pude vê-la, não pude... escapou-me entre os dedos. Despejei as lágrimas e as cinzas do cigarro no cinzeiro de argila e saí. A beleza estava lá e eu quase pude alcançá-la. Eu só queria a simplicidade naquela noite fria e cinza, naquela calçada molhada, só queria que a vida me deixasse dormir. Mas foi bom, porque depois disso não pude mais aguentar, segurei a alça da minha mochila surrada a meti o pé na estrada.

Amanhã eu quero olhar pra trás e lembrar que um dia eu parti...

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