Sentei na calçada da Rua Scipão na Lapa e olhei para o cenário, parecia perfeito. Antes tinha caminhado um pouco pelas ruas e olhado casas antigas, bares grandes de três portas e árvores cabeludas se espalhando pelos muros enegrecidos. Não sei por que veio à minha mente o escritor João Antônio. Ele que em seu primeiro livro de contos relata, além de outras histórias, “(…) as andanças aluadas e cinzentas de três vagabundos, malandros, viradores numa noite paulistana. Quebrados, quebradinhos, sem eira nem beira partem da Lapa…” pelas palavras do próprio autor. Três malandros que procuram fazer a vida na sinuca, esquadrejando bairros operários como Água Branca, Ipiranga e Barra Funda para no fim terminarem na Lapa, duros como está escrito no final do conto:
“(…) A curriola formada no velho Celestino contava casos que lembravam nomes de parceirinhos. Falou-se naquela manhã que ali passaram três malandros, murchos, sonados, pedindo três cafés fiados.”
Nele descobri um amigo e uma maneira de ver as coisas. João Antônio deu voz aos excluídos e tratou de temas que não estavam nas cartilhas acadêmicas. Busco desenhar o que ele expressou escrevendo e sigo seu ensinamento: “Qualquer boteco é lugar para escrever quando se carrega a gana de transmitir”, pensando nisso vou rabiscando em qualquer canto.
“(…) A curriola formada no velho Celestino contava casos que lembravam nomes de parceirinhos. Falou-se naquela manhã que ali passaram três malandros, murchos, sonados, pedindo três cafés fiados.”
Nele descobri um amigo e uma maneira de ver as coisas. João Antônio deu voz aos excluídos e tratou de temas que não estavam nas cartilhas acadêmicas. Busco desenhar o que ele expressou escrevendo e sigo seu ensinamento: “Qualquer boteco é lugar para escrever quando se carrega a gana de transmitir”, pensando nisso vou rabiscando em qualquer canto.
Publicado originalmente na revista O Patifúndio no dia 14 de Setembro de 2008
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